Oiçam-me porque tenho razão! :) Até as psicologias o dizem!

"Oiçam-me porque tenho razão" pretende ser daqueles conselhos gratuitos que se dão a grávidas, mamãs recentes e mamãs menos recentes, que tantos zun-zuns ouvem do resto do mundo, acerca de como tratar os seus bebés, de não lhes dar colinho sob pena de ficarmos eternamente escravas, de não lhes dar mimo a mais sob pena de se transformarem nuns tiranos, de lhes negarmos amamentação em horário livre, de os deixarmos a chorar até que se calem...

Quando fui mãe foram diversas as opiniões que ouvi, e confesso até que certa senhora que respeitava, quando um dia conheceu o meu bebé de 2 meses que estava ao colo, me disse para não lhe dar muito colo, porque depois ele não iria querer outra coisa. Mais tarde precisei de lhe mudar a fralda e peguei-o novamente ao colo, e nesse momento ela dirigiu-se a mim perguntando-me porque o estava a fazer. Disse-lhe já irritada, que me preparava para trocar a fralda ao MEU FILHO! 

E depois não aceitei mais conselhos gratuitos de ninguém. Ouvir oiço, e depois filtro. Tiro-lhe as partes boas se as houverem, deito fora as más, peso-as na minha balança, cujos pesos são o do coração e da cabeça, e ponho em prática à minha maneira. Se me impingem o que não concordo, respondo veementemente, e desencorajo qualquer outra intromissão. Eu e o pai somos soberanos na educação e mimo que damos ao nosso filho. Às vezes não é por mal, eu própria dou conselhos gratuitos, mas em última instância quem decide são os pais! Aceitamos também os conselhos da pediatra, que julgamos uma senhora científica e não mitológica.

Nem a propósito do conselho que hoje aqui deixo, o de ouvirem a vosso coração e a vossa cabeça, li na revista "Primeiro Ano", um artigo dedicado a bebés recém-nascidos, que se aplica um pouco por toda a infância, redigido por uma psicóloga clínica e mamã. Intitula-se "O ritmo do amor". 

Ávidos de educar criancinhas perfeitas e bebés que não choram, que dormem perfeitinhos nos seus quartos, independentes, que não imploram por colo e atenção, os pais, pressionados pela sociedade, pela inexperiência, pela influência e pelos mitos, deixam de ser eles próprios e começam a educar e a agir por manual de instruções. 

Não deixa de ser bom que leiam e que ouçam, mas no fim a ilação é o peso do que leram e ouviram, e daquilo que se aplica ou não. O próprio bebé está em constante mutação e aquilo que serve para hoje, deixará de ser válido amanhã, mas poderá aplicar-se novamente para o depois de amanhã.

Evocando o tal artigo que mencionei, deixo adiante algumas transcrições das frases-chave que julguei fundamentais: oiçam o que vos deixo!

"Que exemplos temos de crianças-problema que tenham "sofrido" do dito "colo a mais" em bebés?"

"(...)as patologias e as perturbações emocionais do desenvolvimento surgem em reacção a um quadro de relações precoces problemáticas, onde faltou uma relação de amor clara, inequívoca, mútua, generosa e caracterizada pelo respeito (...)" 

"O choro e o comportamento corporal nos bebés são meios de comunicação de alguém que ainda não tem capacidade de pensar e de falar."

"(...)é função dos pais procurar descodificá-los através da resposta adequada. O bebé, ao chorar, está a comunicar com os meios que conhece e estão ao seu alcance."

"Quando o bebé chora, os pais têm o impulso natural de lhe pegar e envolver. E constata-se a maravilhosa complexidade e sabedoria da natureza: à imaturidade do bebé corresponde a resposta natural do adulto em agarrar, cuidar, acalmar, ensinar."

 "Para um bebé, estar no colo da mãe, sentindo-a, cheirando-a e olhando-a, confere um sentimento de continuidade à sua vivência."

"Não se trata de um perigo para a independência do bebé; trata-se, sim, de um comportamento sensível por parte dos pais (...). E esta necessidade mantém-se, ainda que com gradações diferentes, ao longo do percurso de deixar de ser bebé e tornar-se criança."

"Quem sabe qual a boa dose de mimo? Aquela dose suficiente, que responde às necessidades de segurança, carinho, aconchego, conforto, proximidade física e emocional do bebé? Não sei se alguém sabe, mas a maioria das pessoas afirma "saber" que a dose dada pelos pais é a mais."

"Desde que nasce, e às vezes ainda antes, o bebé, pela interposta pessoa dos seus pais, é confrontado com uma série de ditames que afirmam que deve ser o mais rapidamente auto-suficiente, autónomo, responsável e sério."

"Porque exigimos tanto dos bebés? E dos seus pais?"

"Recordo-me que no primeiro mês de vida da minha filha, a minha presença era necessária quase constantemente. Lembro-me bem de como isso pode ser esgotante para uma mãe. Mas também de como não se consegue agir de outra forma, pois o apelo do bebé é muito forte. E isto não significa que este seja um ditador ou mesmo manipulador. Significa, sim, que se exprime bem e que descansa quando reconhecem ou respondem às suas necessidades."

"Na ausência da boa e adequada resposta, fica a frustração, a decepção e o desenvolvimento fica suspenso, à espera."

"Os pais devem regular-se pelo ritmo do seu filho. Esse é o ritmo do amor."

"É este o ritmo do crescimento: da base parental para o mundo. E este é o ritmo específico em cada bebé, sem comparações, culpabilizações ou desvalorizações."

"Quem dita as regras é quem ama, não quem está de fora. Esses normalmente são para ser contrariados." 

Ahahah, e com esta última me desculpo a mim mesma por o Afonso continuar a dormir no quarto dos pais! ...Mudanças à vista?

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