A terra do meu Pai
Estas são as impressões do Afonso, da primeira vez que foi à terra do Pai. A Mãe ajudou a decifrar a linguagem do bebé...
Fui à terra do meu Pai
lá para o meio do oceano
andei pela primeira vez de avião
levei não-sei-quantas malas de mão
mais outras tantas no porão
sou descendente de um açoriano.
Chegando à terra do meu Pai
já quase a tocar na americana pista
de sair do avião já não vemos a hora
minha Mãe diz: "ai que ele quase que chora"
da janela vê-se o verde lá fora
e o azul do mar salta à vista.
Na terra do meu Pai
meus Avós fui encontrar
e lá fomos nós para casa de carrinho
aqui as estradas parecem um caminho
as vacas ali ao lado são um miminho
parece que estico a mão e as consigo agarrar.
Na terra do meu Pai
não há um prédio alto
há pois, casas baixinhas
com cantarias pintadinhas
e chaminés branquinhas
os muros, esses, são de basalto.
A terra do meu Pai
é terra de pescaria,
o peixe agarra o anzol
na Maia, o Velho Gonçalo deu nome ao farol
e conhecida como a Ilha do Sol
assim é Santa Maria.
Na ilha do meu Pai
há terra de cor vermelha
há as garças e os cagarros
há os bonitos e os chicharros
muitas árvores, mas não chaparros
são famosos os biscoitos de orelha.
A terra do meu Pai
está cercada de mar que brilha
outrora o povo avistava do miradouro
Bei, o Pirata, buscava ouro
mas se quer levar maior tesouro
terá que rebocar toda a ilha.
Na terra do meu Pai
dali do Forte de S. Brás
avista-se o cais e o mar
há poucas pessoas a passar
e os barcos a partir e a chegar
vão deixando a saudade atrás.
Na Santa Maria do meu Pai
não existe maternidade
a S. Miguel ele foi nascer
mas corisco não admite ser
diz:"serei cagarro até morrer"
acerca da naturalidade.
A ilha do meu Pai
é terra de muita iguaria
e eu, que venho com os dias contados
não tenho tempo para todos os cozinhados
pela minha Avó confeccionados
preciso de mais tempo em Santa Maria!
Na terra do meu Pai
uns versos ao meu Avô tentei fazer
mas ele nasceu em S.Miguel, nas Furnas,
e aquilo só rima com urnas
e como não encontrei mais palavras nenhumas
nada mais pude escrever!
muito bem!
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